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A vida que vem do barro
Ao visitarmos cidades pelo Nordeste brasileiro, é muito comum nos depararmos com miniaturas feitas de barro.
Entre as figuras mais replicadas, estão Os Retirantes, por exemplo. Mas aonde exatamente começou tudo isso?
Em Caruaru/Pernambuco. Uma terra mágica, no agreste nordestino, aonde foi possível concentrar artesãos tão
talentosos que mantém seus legados há gerações.
Estamos falando do trio Mestre Vitalino, Mestre Zé Caboclo e Dona Celestina.
Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), o Mestre Vitalino é Patrono da Arte do Barro de Pernambuco.
É considerado um dos maiores artesãos do Brasil.
Mestre Vitalino estatua e fachada da sua casa – Divulgação
Com a mãe, aos seis anos de idade, aprendeu a fazer “loiça de brincadeira”, miniaturas que vendia para outras crianças na feira de Caruaru. Como a família de Vitalino não tinha condições de lhe dar brinquedos, ele começou a modelar pequenos bichos para se divertir.
Mestre Vitalino por Pierre Verger
Com o tempo foi melhorando a sua técnica e passou a ganhar seu sustento com suas miniaturas.
Conhecido pela alegria e generosidade, Vitalino ensinava suas técnicas para quem pedisse.
Acabou conhecendo o casal Mestre Zé Caboclo e Dona Celestina.
Mestre Vitalino se despedindo do amigo e discípulo Zé Caboclo - Facebook Atelie Dona Celestina
O Zé Cabocolo foi o responsável por ensiná-lo a usar o arame empregado na sustentação interna das suas figuras.
Esse trio fantástico é responsável por iniciar e consolidar um estilo único de artesanato. São esculturas ou miniaturas em
barro reconhecidas por todo o mundo.
Dizem que até Pablo Picasso tinha suas miniaturas em sua coleção.
Seu estilo é chamado de “expressionismo”: orelhas sempre aplicadas em forma de interrogação; curvatura dos joelhos em
ângulo reto nas figuras sentadas; corte de boca definido, mas contido; narizes com tendência a arrebitados.
Vitalino mantém seu legado através do filho Severino Vitalino. Talentoso e cuidadoso como o pai, Seu Severino confecciona
peças em barro que simbolizam e refletem a vida do povo nordestino.
Nascido em 1940, mudou-se pequeno para o Alto do Moura em Caruaru, onde hoje funciona um museu em homenagem ao seu pai,
a Casa Museu Mestre Vitalino.
O famoso casal Mestre Zé Caboclo e Dona Celestina, fizeram fama além das miniaturas e foram retratados em cordéis da região:
[...]
E assim o nobre casal
A vida tocou em frente,
Juntos tiveram onze filhos,
Três morreram infelizmente.
Celestina e Zé Caboclo
Criaram oito somente.
[...]
Sua filha, Socorro Rodrigues, é a responsável pelo Ateliê de Dona Celestina. As primeiras peças confeccionadas
por Socorro foram os brinquedos, como panelinhas e bonecas.
Aos nove anos de idade, esta incrível artesã, começou a desenvolver o seu trabalho seguindo o estilo da Arte Figurativa,
porém essas peças possuíam um grande diferencial, elas eram em miniaturas, apresentando
tamanhos variáveis, medindo entre três até dez centímetros.
Com isso esta artesã criou um estilo muito peculiar, retratando com beleza, sensibilidade e perfeição o modo de
vida pernambucano e suas manifestações artístico-culturais.
Suas miniaturas mais famosas são: Voltando da Roça, Bumba-Meu-Boi, Presépio e Retirantes.
A arte do barro une gerações até hoje e cria vida através de cenas do cotidiano e dos costumes do povo
nordestino, levando nossa cultura até os pontos mais distantes do mundo.
Conheça mais sobre o trabalho desses artesãos em nosso espaço. Esperamos por você!
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